Pra entender melhor a tal vida operária.
Notamos, ao estudar história ou ao participar de movimentos sociais, que mesmo entre um grupo aparentemente homogêneo de pessoas podem existir disputas e tensionamentos. O mundo é imenso e muito complexo. Ao longo da vida temos muitas experiências partilhadas que se somam e passam a compor nossa individualidade e nossa personalidade. Cada pessoa tende a construir suas próprias convicções à respeito dos mais diversos assuntos. Assim, da mesma forma que há solidariedade, pode existir rivalidade até mesmo entre trabalhadores que desempenham uma mesma função e tem ganhos semelhantes.
Isabel Bilhão: Temos certa ilusão de que os oprimidos se unem independentemente das suas tensões e diferenças. [..] Como se o simples fato de querer uma vida melhor elimine as tensões e rivalidades do dia-a-dia e isso não acontece. Primeiro: o que é uma sociedade melhor? Depende de como cada tendência ideológica enxerga essa sociedade do futuro. Existem diferenças de ponto de vista. Mais que isso: para se chegar a essa sociedade melhor, qual o caminho a seguir?
..em todos os âmbitos da vida humana existem disputas de poder, disputa pelas lideranças dos movimentos, disputas políticas e inclusive disputas de ego. Essas disputas também existem entre os oprimidos e essa foi uma das coisas que tentei mostrar: que se existe solidariedade, também existe rivalidade.*
Mas então a partir de qual momento determinadas pessoas passam a se identificar como parte de uma classe ou grupo social? Quando é que elas se identificam e tem orgulho de dizer que são, por exemplo, trabalhadorxs, anarquistas, socialistas ou etc?
Para pensar esse tipo de questão e conhecer mais sobre a história de Porto Alegre e dos movimentos operários recomendo o livro:
Identidade e Trabalho: uma história do operariado Porto-Alegrense (1898-1920)
Autoria: Isabel Bilhão.
Ano: 1ª Edição – 2008
Editora: EDUEL
* Entrevista completa disponível nesse link: Conexão Ciência